Panamá: muito mais que uma conexão

Trabalhei a minha vida toda com viagens, e nunca vi promoverem o Panamá com foco em  turismo, mas sempre como um ponto de conexão em busca de passagens mais baratas com destino aos Estados Unidos ou outro país da América Central. Nós mesmos escolhemos a Cidade do Panamá para uma experiência de nômades digitais, agora em abril, sem considerá-la para turismo, mas eis que fomos surpreendidos, e muito positivamente.

Alugamos um Aparthotel com cozinha, pois a intenção era aproveitar a estadia para ter acesso aos ingredientes locais, além de seguir nossa rotina normalmente: meu marido trabalhando remoto, e eu cuidando da alimentação e do que faríamos nos horários vagos. Desta forma eu iria ao mercado diariamente, prepararia nossas refeições e pesquisaria o que conheceríamos ao final do expediente dele. Nosso apartamento ficava próximo ao metrô Iglesia del Carmen, para facilitar a logística.

Nosso voo de ida foi diurno em um sábado. Então ainda no Brasil compramos um passeio para o domingo, e escolhemos conhecer as Ilhas San Blas. Por pouco desistimos, quando vimos que para chegar ao barco que nos levaria até o destino final era necessário uma viagem de 3h em um 4×4, mas felizmente seguimos em frente. A vista é de tirar o fôlego, num mar de vários tons de azul, como se estivéssemos num paraíso. Valeu muito a pena! O passeio de 14 horas incluía almoço e uma bebida, duas ilhas e duas piscinas naturais no meio do mar do Caribe.

De segunda a quinta, seguimos com a nossa rotina normal, ele trabalhando e eu cozinhando. Ao final da tarde, com o fuso de 2h a menos, conseguimos aproveitar para conhecer a cidade.

Na segunda-feira fomos de metrô ao Albrook, um shopping imenso, com lojas de todos os tipos, do caro ao barato, das griffes famosas às lojas de departamento. Contei pelo menos 3 praças de alimentação, e até um carrossel! Compramos algumas coisas que valiam a pena, e deixei várias que não caberiam na minha mala.

Terça foi dia de conhecer a Via Costera, que é uma pista sobre o mar com 7.5km de extensão. Na extremidade onde estávamos havia uma área de convivência com a bandeira do Panamá. É um ponto interessante para fotografias.

Na quarta eu fui cedinho ao Mercado de Mariscos comprar peixe e camarões frescos, e me surpreendi com o preço: U$7,00 o kilo de cada um. Mesmo convertendo é muito barato. 

No fim da tarde fomos conhecer o Casco Viejo, a parte histórica da cidade, com igrejas centenárias, ruínas do século XVI, e onde fica o Museu do Canal Interoceânico do Panamá, que é uma atração imperdível. Terminamos o tour num dos rooftops, contemplando os tons de laranja do pôr do sol sobre as torres das igrejas. Vale ressaltar que fomos de metrô até a estação 5 de Maio, e caminhamos uns 20 minutos.

Na quinta decidimos alugar um carro para conhecer os lugares mais distantes, onde o metrô não chega. Fomos então ao Panamá Viejo, um parque arqueológico com museu, onde a Cidade do Panamá foi fundada inicialmente. É possível subir na Torre e ter a vista do Pacífico. O museu conta a história não só da colonização, mas também dos povos originários e fatos interessantes descobertos nas escavações. 

Saindo de lá fomos conhecer a Calzada de Amador, e fiquei encantada: que pôr do sol! Trata-se de uma península com calçada e ciclovia dos dois lados, e ao final chegamos a área onde ficam as marinas. Existem vários restaurantes próximos às marinas, foi um passeio muito gostoso.

Sexta aproveitamos o carro alugado para conhecer o famoso Canal do Panamá. Decidimos ir do lado do Atlântico, o Centro Agua Clara, a 80 km de onde estávamos. De fato é uma obra impressionante, e tivemos a sorte de ver um transatlântico atravessando.

Sábado optamos por fazer um passeio imersivo para conhecer o Parque Nacional do Rio Chagres e a comunidade indígena Emberá. O tour nos levou até uma margem do rio, onde embarcamos em canoas guiadas por indígenas. A primeira parada foi numa cachoeira, cujo acesso se dá por uma trilha de média dificuldade. Depois fomos conduzidos até a comunidade onde serviram o almoço: peixe frito com patacones (banana da terra) e uma mesa bem farta de frutas frescas. Recebemos informações sobre o dia a dia da comunidade, e assistimos algumas apresentações. Há também várias opções de artesanato produzido por eles à venda.

Domingo era dia de voltar para casa, embora ainda houvesse muito o que conhecer por lá. 

A Cidade do Panamá entrou pra minha lista de lugares onde eu moraria. A única questão importante é que teríamos que ganhar em dólares. A moeda deles, o Balboa, vale U$1,00. Pra gente, algumas coisas acabam ficando bem caras.

Me impressionou o fato de não encontrar nenhum brasileiro por lá. Nos grupos dos tours que participamos haviam vários indianos, americanos, europeus e até chineses, mas nenhum brasileiro. 

Gosta de passeios exóticos e contato com a natureza? Harmonia entre o antigo e o moderno? Clima quente com brisa do oceano? Então visite o Panamá!